A ansiedade é uma resposta instintiva para nos proteger de um risco potencial.
A ansiedade é útil porque tem a função de nos impulsionar para reagir perante determinadas situações e de nos dar sinal de que devemos ter cuidado, desencadeando mudanças físicas e psicológicas que nos preparam para enfrentar os perigos.
A ansiedade torna-se problemática quando se começa a manifestar de forma muito prolongada e intensa, associando-se a um medo desproporcionado e constante.
Este tipo de ansiedade surge mesmo quando não existem riscos reais, sendo alimentada pela sensação constante de ameaça e perigo.
Esta ansiedade manifesta-se através daquilo a que se chamam as perturbações de ansiedade, nas quais se inserem as fobias, o stress pós-traumático, a perturbação de pânico, a perturbação obsessivo-compulsiva e a ansiedade generalizada.
A ansiedade patológica condiciona de forma grave o dia-a-dia das pessoas que a experienciam, tendo um impacto profundo na sua qualidade de vida. Viver com ansiedade traduz-se num grande sofrimento psicológico, que é sentido também a nível físico, sendo assim fundamental procurar tratamento.
Quais as causas da ansiedade?
Existem diversas causas que podem estar na origem da ansiedade patológica. Estas causas são de natureza cognitiva, emocional e comportamental.
Causas cognitivas
Uma das causas da ansiedade são as distorções cognitivas, ou seja, os erros de pensamento que alimentam uma visão distorcida da realidade.
Um exemplo destas distorções de pensamento é a tendência para acreditar que algo vai correr mal sem que existam evidências reais que sustentem esta crença. Outro exemplo, são as interpretações desproporcionais e catastróficas dos eventos futuros.
Esta visão destorcida da realidade alimenta a preocupação excessiva e constante com o futuro, característica fundamental da ansiedade patológica.
Causas Emocionais
Falta de confiança na capacidade de tomar decisões adequadas;
Medo excessivo de falhar;
Descrença face à capacidade de resiliência, ou seja, não acreditar ser capaz de superar situações difíceis ou resultados frustrantes.
Causas Comportamentais:
A ansiedade pode ser provocada pela negligência face às necessidades pessoais.
Quando se vive em piloto automático, expondo-se sistematicamente a um ambiente desgastante e insatisfatório, é provável que dispare a ansiedade, como sistema de alarme que é concebido fisiologicamente para nos alertar que estamos em risco.
Isto acontece quando dedicamos demasiado tempo a tarefas desgastantes, como trabalhar excessivamente, e negligenciamos as necessidades básicas, como ter um sono de qualidade e uma alimentação cuidada, e as atividades que nos nutrem e satisfazem como estar com a família, com os amigos e dedicar tempo aos hobbies e ao desenvolvimento pessoal.
A ansiedade surge para nos alertar que existe uma profunda diferença entre o tipo de vida que estamos a cultivar e aquele que realmente gostaríamos de viver.
No fundo, a ansiedade é ativada quando a nossa “bússola interior” não encontra o Norte.
COMO TRATAR A ANSIEDADE?
Para realmente tratar a ansiedade temos de considerá-la não como uma doença, mas sim como um sistema de alarme, sendo uma das formas que o nosso corpo e a nossa mente usam para nos dizer que algo não está bem.
Medicação: Recorrer à medicação, pode ser útil nos casos em que a ansiedade não permite que a pessoa tenha uma vida minimamente funcional, devido à intensidade dos sintomas e dos pensamentos intrusivos e ruminantes.
No entanto, tendo em conta que esta terapêutica apenas cuida dos sintomas, é fundamental que seja aliada a outras formas de tratamento direcionadas para as causas da ansiedade, para que os resultados sejam sólidos e duradouros.
Psicoterapia: Permite tomar consciência e compreender o ciclo da ansiedade, indo ao encontro das suas raízes cognitivas, emocionais e comportamentais. Através do processo psicoterapêutico, é possível tomar consciência e desconstruir os pensamentos associados à ansiedade.
Com a ajuda do psicoterapeuta, são identificados e desafiados os erros de pensamento e as crenças limitadoras que alimentam a ansiedade.
Ao longo da psicoterapia aprenderá também a conhecer e a compreender o seu funcionamento emocional. Esta compreensão abre espaço ao reconhecimento e superação das inseguranças emocionais que sustentam a ansiedade.
Por fim, mas não menos importante, irá aprender a aceitar que não controlamos tudo e que nem é suposto que o façamos. Não é possível controlarmos o que as outras pessoas pensam ou fazem, nem qualquer situação que aconteça no mundo exterior.
Devemos apenas focar-nos naquilo que pensamos, escolhemos e fazemos e pacificar-nos com o facto de que tudo o resto acontece como tem de acontecer.